03 outubro 2012

Estranho...BROCA DO CAFÉ

Do nada aconteceu isso com a grevillea ,primeiro pensamos que foi o vento,segundo um raio,mais nada disso foi broca.


                                                       BROCA DO CAFÉ (Hypothenemus hampei).
Originária da África, onde foi referida como praga em 1901 no Congo, a broca do café atingiu o estado de São Paulo, por volta de 1913, em sementes importadas da África e de Java. Somente a partir de 1924 foram sentidos os prejuízos causados pela praga, constando-se então a sua gravidade. De São Paulo, a broca do café espalhou-se por todas as regiões cafeeiras do país. A broca é considerada a principal praga do café, pelo fato de afetar a produção e a qualidade de bebida do café.
Para melhor utilizar as diferentes táticas de manejo integrado da broca-do-café, é importante detectar com certa precisão a data de início de "trânsito" das brocas no campo; o "trânsito" não é mais que a emergência das brocas dos sítios de invernação para atacar os novos frutos de café.
A broca-do-café Hypothenemus hampei é uma das pragas que provoca maiores prejuízos à cafeicultura, pois, atacando os frutos, afeta diretamente a produção (Nakano et al., 1976). Dependendo do nível de infestação, os prejuízos podem chegar a 21%, somente pela perda de peso (Souza& Reis, 1980). Além disso, a qualidade do café fica prejudicada, uma vez que as porcentagens de grãos brocados e quebrados aumentam proporcionalmente ao aumento da infestação da praga, resultando num produto de tipo e valor comercial inferiore, pois, para cada cinco grãos brocados e/ou quebrados encontrados na amostra, o lote de café correspondente é penalizado com um defeito no sistema de classificação (Toledo1947/1948; IBC, 1985).
Apesar da preocupação existente em controlar biologicamente a broca, logo após sua introdução no Brasil, em 1913 (Hempel 1934, Bergamin 1943, Toledo 1948), os esforços iniciais foram descontinuados frente a popularização dos inseticidas sintéticos. Este fenômeno aconteceu também em outros países do mundo (Waterhouse & Norris 1989). A broca continua a ser um fator limitante para a cultura de café, porque reduz a produtividade da cultura e, principalmente, deprecia a qualidade do fruto. Em alguns países, como a Colômbia, onde foi introduzida recentemente (1988), esta praga está causando a devastação da produção (Baker 1995).
Visando elaborar estrategias para o manejo da broca, é preciso interrelacionar os conhecimentos sobre a biologia e a dinâmica populacional do inseto com a dinâmica de produção de frutos pela planta e, futuramente, com a dos quatro parasitóides conhecidos, para poder estimar o impacto de cada um deles no controle da praga. Isto implica na análise conjunta da dinâmica de três níveis tróficos, sob um determinado clima e condições agronômicas de manejo.
MORFOLOGIA.
O inseto, na sua forma adulta, é um pequeno besouro de coloração escura e brilhante, tendo o corpo cilíndrico, robusto, recurvado para a região posterior, com o primeiro seguimento do tórax bem desenvolvido e recobrindo a cabeça.
O corpo é revestido de escamas e cerdas e com os élitros sulcados longitudinalmente. A fêmea possui aproximadamente 1,65 m de comprimento por 0,73 m de largura. O macho é um pouco menor, tem as asas rudimentares, não voando, vivendo no fruto onde se origina.
Cada macho copula com 10 fêmeas ou mais, dentro do fruto. A razão sexual é de 1 macho para 9,75 fêmeas.
A fêmea fecundada perfura o fruto na região da cicatriz floral ou coroa, fazendo uma galeria através da polpa, ganhando o interior de uma das sementes. Abre, então, a galeria, transformando-a em uma pequena câmara onde realiza a postura. A fecundidade média das fêmeas é de 74 ovos (31 a 119 ovos) e a longevidade média, de 156 dias (81 a 282 dias).
A fêmea coloca 2 ovos por dia e o numero de ovos por câmara dificilmente ultrapassa a 20. O período médio de incubação dos ovos é de 7,6 dias (4 a 16 dias). O período larval é de 13,8 dias em média (9 a 20 dias) e o período pupal de 6,3 dias em média (4 a 10 dias). O número de gerações, em nossas condições, pode chegar até a 7 por ano, sendo que 4 a 5 evoluem no período de novembro-dezembro a julho-agosto. O ciclo evolutivo médio da praga é de 27,7 dias (17 a 46 dias).

                                                      
 CICLO DE VIDA.
Ovos – Os ovos são pequenos, brancos, elípticos e com brilho leitoso. A fêmea põe em média dois ovos por dia. Após 20 dias apenas um ovo por dia. A longevidade da fêmea é de 156 dias.
Larvas – As larvas começam a alimentar-se de pequenas partículas das câmaras de onde nasceram, depois de alguns dias as larvas em pleno desenvolvimento provocam o dano na semente/grão (perda total do peso) .Pupa – Após o período larva de 14 dias, a larva transforma-se em pupa de coloração branca e com decorrer dos dias escurece até castanho claro. Período pupal é de 7 dias em média.
Adulto – O adulto da broca do café é um besouro preto luzidio, corpo cilindrico e recurvado para a região posterior. Os machos possuem as mesmas características das fêmeas, sendo porém menores e com asas rudimentares. A razão sexual é um macho para dez fêmeas. Nunca deixam os frutos onde se originaram, pelo fato de não voar.
A broca ataca o café nos vários estágios de desenvolvimento : frutos verdes, maduros e secos. Frutos chumbinhos não são os preferidos, mas também são atacados. Neste estágio a praga faz uma galeria rasa, ficando com a parte posterior do corpo para fora.
Ocorre quedas de frutos, mas via de regra não ovopositam por estarem nos frutos muito aquosos. O ataque se acentua na fase de granação e maturação.
Após a fêmea penetrar no fruto e fazer galerias com a respectiva câmara de postura, surgem as larvas que vão destruir total ou parcialmente a semente. Altas infestações diminuem a porcentagem de grãos perfeitos e aumentam a de grãos perfurados, de escolha e de grãos quebrados, determinando, em conseqüência, uma sensível perda de peso além do mal aspecto e sabor. Normalmente um lote de café coco com 85% de infestação de broca, apresenta uma perda de peso, após o beneficiamento, de aproximadamente 20%. Evidentemente infestações menores acarretam proporcionalmente menores redução de peso.
Outro prejuízo atribuído a broca é aquele referente a queda de frutos. Durante o desenvolvimento dos frutos observou-se que a broca foi responsável pela queda de 46% dos frutos em um cafezal com 61% de infestação no final da safra, e a proporção da queda entre frutos broqueados e frutos sadios foi de 4,6 : 1 para aquela infestação, verificando-se uma proporção de 3 por 1 entre frutos broqueados que caíram e frutos broqueados que permaneceram.
A inferiorização do tipo é também um dos prejuízo, pois a cada 5 (cinco) grãos perfurados atribui-se um defeito. Um lote de café pode passar do tipo 2 ou 3 para o tipo 7 ou 8, devido exclusivamente ao ataque da praga. Observa-se, portanto, que além de se ter menor quantidade de café devida a redução do peso e à queda de frutos, consegue-se menor preço pelo produto devido à perda da qualidade. 3.4.
MANEJO INTEGRADO. 3.4.1. Amostragem para avaliação da infestação.
A forma mais adequada para acompanhar a infestação da broca e realizar o controle no momento oportuno, é fazer amostragem mensal na lavoura, de novembro até cerca de 70 dias antes da colheita. O cafeicultor deverá programar-se para fazer a última pulverização respeitando a carência do produto. O inseticida mais eficiente para esse fim é o Endosulfan (princípio ativo), cuja carência é de 70 dias, ou seja, o intervalo mínimo de dias permitido entre a aplicação do produto e a realização da colheita. Outra indicação para iniciar a amostragem é quando os frutos estiverem na fase de chumbo e chumbões, período em que as sementes já estão formadas e, portanto, na fase em que a broca perfura o fruto,
A amostragem deve ser feita percorrendo-se o talhão em zig-zag e tirando ao acaso 100 frutos de cada planta escolhida (25 em cada face). O número de plantas a ser amostrado depende do tamanho do talhão, conforme apresentado no Quadro 1. Em seguida, faz-se a separação dos frutos brocados e não brocados para a determinação da percentagem de infestação.
Quadro 1. Número de plantas amostradas em função do tamanho do talhão.
Número de plantas no Talhão Nº de plantas amostradas
Acima de 5000 1,5% das plantas
Adaptado de Souza & Reis, 1997.
O controle deverá ser iniciado quando a infestação atingir 3% a 5%, iniciando-se pelas partes mais atacadas da lavoura. Como o ataque não se distribui uniformemente, recomenda-se o controle apenas para os talhões, cuja infestação da praga já tenha atingido 3 a 5%. Procedendo-se dessa forma, evitam-se gastos desnecessários com mão-de-obra e inseticida, como também, diminuição dos problemas relacionados ao uso do defensivo. Mesmo após o controle, o monitoramento deve continuar e quando a infestação alcançar os índices recomendados, fazer o controle novamente, respeitando os limites de carência do inseticida usado.
Para produtores que utilizam ou não inseticidas, uma das alternativas para a redução do ataque da broca, é uma colheita bem feita e um repasse na lavoura se necessário, não deixando frutos na planta ou no chão, para evitar a sobrevivência dessa praga e reinfestação na próxima safra. Deve-se destruir os cafezais velhos e abandonados, nos quais a broca encontra abrigo e se multiplica livremente, e também, alertar o vizinho para que controle o ataque de broca, evitando focos para outras lavouras.
 Controle cultural.
A redução do ataque da broca pode ser obtida fazendo-se uma colheita bem feita e um repasse na lavoura, se necessário, para evitar a sobrevivência dessa praga e que passe para os frutos novos da próxima safra. Devem-se destruir os cafezais velhos e abandonados, nos quais a broca encontra abrigo e se multiplica livremente, e também alertar o vizinho para que controle a praga, evitando focos para outras lavouras.
Controle Biológico.
A Embrapa Rondônia vem desenvolvendo pesquisa com a vespa-da-costa-do-marfim
(Cephalonomia sp.), que é um importante inimigo natural da broca-do-café. Contudo, o estudo encontra-se em fase preliminar, para conhecer aspectos referentes à biologia da vespa e possibilidade de multiplicação em larga escala para testes em campo. Em cafezais de diversos municípios do Estado, tem-se observado a ocorrência do fungo Beauveria bassiana fazendo o controle da broca. É fácil perceber a presença do fungo, que fecha o furo feito pela broca em forma de um tufo branco. Nos cafezais onde ocorre o fungo, é comum encontrá-lo envolvendo broca morta no interior do fruto. Nessas lavouras recomenda-se não fazer aplicação de agroquímicos, a não ser que a infestação da broca ultrapasse 5% de frutos broqueados sem infecção de B. bassiana.
Além de ser uma tecnologia econômica e ambientalmente sustentável, o controle da broca com fungos apresenta uma série de vantagens ao cafeicultor. O bioproduto não é tóxico ao agricultor, não deixa resíduo e não altera a qualidade ou sabor do produto final, sendo melhor aceito pelo mercado consumidor nacional e internacional. Seu impacto sobre o ambiente e outros agentes de controle biológico das pragas é muito pequeno, podendo ser associado com outros métodos de controle. Pode manter-se na lavoura naturalmente, controlando o inseto mesmo após a aplicação.
Contudo, o cafeicultor não deve entender essa modalidade de controle como uma simples substituição do produto químico convencional pelo biológico. Trata-se de uma mudança mais profunda e que deve ser encarada com uma visão mais ampla, dentro de um contexto de manejo integrado. Deste modo, qualquer ação dentro do manejo fitossanitário na cultura pode influenciar positiva ou negativamente no sucesso do uso do produto biológico. Antes das aplicações é indispensável o monitoramento da população do inseto no campo. A broca, como para a maioria das pragas, distribui-se na lavoura de forma irregular, podendo ocorrer talhões de maior incidência do inseto. Talhões velhos, adensados e em locais mais úmidos, como baixadas, são geralmente mais infestados.Esses focos da praga são importantes fontes de infestação de novas áreas e devem ser controlados rapidamente.
CONCLUSÃO.
O conhecimento do manejo integrado para o controle da broca e bicho-mineiro é de extrema importância para a produção cafeira.
O responsável técnico tem que ser bem capacitado para que a tomada de decisão seja bem programada e precisa, sendo a tomada de decisão a principal etapa do manejo, onde nesta que é decidido quando e como realizar o controle.
O sucesso de um programa de manejo depende do esforço conjunto entre extensionistas, agricultores, indústrias químicas e pesquisadores, para desta forma ser um manejo eficiente e que cause menos impactos ambientais, melhorando a qualidade de vida do produtor com uma produção sustentável.

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