16 maio 2013

Com eclusa, Tietê terá mais 14 km navegáveis


O governo do Estado pretende começar, em junho, a construção de uma eclusa na barragem da Penha, zona leste de São Paulo. Prevista para ser entregue no fim do ano que vem, a obra vai permitir que mais 14 quilômetros do Rio Tietê sejam navegáveis por barcaças. A construção do sistema de diques que permite a passagem de embarcações entre diferentes níveis de água seria mais um passo para a criação do Hidroanel Metropolitano.Quando a obra terminar, será possível navegar por 58 quilômetros do Tietê: entre São Miguel Paulista, na zona leste, e Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Além disso, a intervenção na Penha também poderá aumentar a capacidade de retenção de água da chuva em um valor equivalente a 65 piscinões do Pacaembu.A navegação do Tietê faz parte de um projeto maior, que prevê 186 km de hidrovias em torno da Grande São Paulo. Além do principal rio da capital, as embarcações usariam o Rio Pinheiros e as Represas do Guarapiranga, Billings e Taiaçupeba. Para formar um círculo completo, também será preciso construir um canal de 16 km entre Ribeirão Pires e Suzano. A passagem pelo espigão de 30 metros de altura entre as duas cidades exigiria um curso de água artificial com uma solução parecida com a do Canal do Panamá, entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. Os barcos atravessariam a montanha por meio de um sistema com várias eclusas.Serviço. A hidrovia deverá ser feita por fases. No início, ela deve ser usada para fazer o desassoreamento do Rio Tietê. Parte do lixo retirado da calha já é transportado para a Lagoa de Carapicuíba por barcaças. A vocação para este tipo de transporte foi definida após estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas o uso do hidroanel para transportar resíduos sólidos deve ser discutido em 2023, quando expiram os contratos de coleta de lixo na capital. A cidade produz 18 toneladas de lixo por dia. Uma segunda etapa do projeto levaria as embarcações para o Rio Pinheiros - entre o Cebolão e o bairro de Pedreira, zona sul da capital. Esta segunda fase incorporaria ao leito dos rios áreas destinadas à triagem e reciclagem do lixo. O estudo do IPT mostrou também que o transporte de resíduos da construção civil não seria vantajoso, pois ele é gerado e descartado de forma pulverizada pela cidade. Também não se mostrou viável carregar o lodo retirado dos esgotos pela Sabesp, que já criou uma rede de dutos para fazer o serviço. 

"Resolvemos focar no transporte de sedimento da dragagem do rio em um primeiro momento para mostrar que é possível ter uma hidrovia em São Paulo. Além disso, é uma demanda constante. Todo ano, há 2 milhões de metros cúbicos de lixo para tirar do Tietê", diz Casemiro Tércio, diretor do Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Logística e Transportes.O governo estima um investimento de R$ 100 milhões para fazer a eclusa na Penha. Segundo Tércio, esse investimento é comparável ao que se economiza em um ano ao deixar de fazer o transporte do lixo do rio por caminhões. Mesmo assim, ele é cauteloso ao falar do hidroanel. "Se a gente garantir o sucesso dessa fase da hidrovia, podemos começar a pensar na circum-navegação da Região Metropolitana."



Matéria de: BRUNO RIBEIRO, TIAGO DANTAS - O Estado de S.Paulo

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