Brasília (04/10/2012) – Os estudos que o Ibama vem realizando sobre o impacto dos agrotóxicos em polinizadores visando a reavaliação de alguns produtos que se encontram registrados no mercado brasileiro, resultaram em uma primeira publicação que reúne informações relevantes sobre o tema.
A publicação consiste em um levantamento bibliográfico que destaca a importância do serviço ambiental de polinização, os principais agentes polinizadores nas diversas regiões do país e os efeitos
dos agrotóxicos na sobrevivência e manutenção de colonias de abelhas silvestres, abordando os efeitos letais e subletais de produtos agrotóxicos sobre as abelhas silvestres do Brasil.
O trabalho foi desenvolvido pela pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, Maria Cecília de Lima
e Sá de Alencar Rocha, com acompanhamento e supervisão da equipe técnica da Coordenação de
Controle Ambiental de Substâncias e Produtos Perigosos (CCONP) da diretoria de Qualidade Ambiental
do Ibama, com apoio do Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento - PNUD.
Entre outros aspectos, a pesquisa identifica a perda da diversidade de polinizadores devido aos principais agentes estressores aos ecossistemas presentes no mundo atual, os principais efeitos
subletais em abelhas relacionados à exposição aos agrotóxicos, tais como: desvios comportamentais
que podem comprometer a divisão de trabalho; desorientação das abelhas, dificultando a localização do
alimento e o retorno à colônia; interferência no aprendizado olfatório e percepção gustativa etc. Além
desses efeitos, há ainda aqueles relacionados à reprodução e manutenção das atividades dentro da
colônia, quais sejam: efeitos reprodutivos nas rainhas e efeitos subletais em larvas o que pode
comprometer a sobrevivência das abelhas a longo prazo.
Ao final o trabalho é proposta uma metodologia para o acompanhamento dos efeitos tóxicos de ingredientes ativos associados a efeitos adversos sobre abelhas, por meio de um estudo de caso em que são sugeridas espécies e culturas a serem pesquisadas.
O papel fundamental dos polinizadores nas culturas agrícolas e na biodiversidade da flora em geral tem
direcionado as pesquisas para esse campo do conhecimento. O recente fenômeno de Colapso das
Colmeias no hemisfério norte e as consequentes perdas do serviço de polinização, tornam ainda mais
importante e necessária esta área da pesquisa, que atualmente encontra-se em franco
desenvolvimento. este sentido, o Brasil, pela sua diversidade biológica, ocupa um papel chave no que
se refere à pesquisa entorno da importância e sobrevivência de polinizadores silvestres, uma vez que a
maioria das pesquisas internacionais são realizadas com a espécie europeia Apis mellifera.
Apesar de, no Brasil, existir o híbrido africanizado, mais estudado quando em comparação às nossas
espécies nativas, o conhecimento mais aprofundado sobre as relações ecológicas, fisiologia e
ecotoxicologia de abelhas nativas ainda é incipiente, por isso, destaca-se a importância do estudo
agora publicado.